barrinhas

sábado, julho 30

A cor do nosso corpo

São quase três horas da manhã
Eu me perdi no tempo pensando
Nos teus carinhos
De manhã 
cedinho
Vindo embaralhar meus sentimentos
Confundir os meus sorrisos
Te ouço cantando aos passarinhos
As coisas que gosto de reclamar
Os gritos que às vezes preciso aclamar
E eles te contam o quanto fico triste
Sem ouvir teus passos pela madrugada
Rodeando a cama
Observando o céu 
Iluminando meu quarto
Já posso sentir o gosto do mel
Escorrendo em meu corpo
Se misturando ao meu sangue

Te sinto vindo de vagarinho
Me lambuzando de carinho
Nesse nosso mundo
Tão cheio de luz
Repleto de flores
Sempre
Amanhã
Sendo

quarta-feira, julho 20

Lábios

Suspirando em minha nuca
Promessas que se perdem
Nas ondas do mar vermelho dos teus cachos
Me fazendo afogar nesse imenso querer
De te envolver completamente em mim.

sexta-feira, julho 8

Espiral

O poeta continua a escrever
Para sua doce
Amada
Arma
Apontada
Para o silêncio da alma
Em direção a calma
Doce
Calada noite
Clara
Sombria
Desritimada
Ao compasso do corpo
Ao vazio do peito
Tom
De cores
Sabores
Amargos
Envenenados
Com a nossa saliva
Quente
Fogo do desejo
Estalo

Falha na conexão

terça-feira, julho 5

Um pedaço que falta

Não sei porque entrou em seu ápice
naquela noite tão escura...
Só quero fazer isso parar.
Seguir meus instintos
aflorar meus desejos à algum toque...
Estar sempre pela metade
me deixa insatisfeita...
Essa necessidade de ter uma outra parte
me incomoda.
E a vontade de não sei o que
misturada a não sei quem
é o que me faz permanecer em pé.
Espero o dia em que
o Sol vai ofuscar minha pele
transformando em arco-íris
minha sombra escura
tornando o meu aroma doce
mais uma vez
espero a saudade
espero a vontade
espero outros passos
outros sons
outras vozes... 

segunda-feira, junho 13

Observai as árvores do cerrado

Observai as árvores do cerrado
E me entenderás por inteira
Minha raíz não finca o solo
Minhas folhas não procuram o sol

Me fotossintetizo no céu
E no outono encontro estrelas

O orvalho em minhas folhas
são teus olhos
Que me molham toda
Em manhãs de frio

Da tua água bebo pouco
E do teu veneno
Me encharco

Em todas as tardes de inverno
O meu vício é o teu abraço
E o meu caule é teu desejo
Se enraizando em mim

domingo, maio 15

Tarsila

Ondas como cortinas
me cegam
me enrolam
me cospem
de volta a mim

domingo, maio 1

Laranja

Caminho entre as algas
E salgadas conchas
Que me puxam para pular corda
com as ondas

Elas me cobrem de opalas
Pintam meus cabelos com pérolas
Cobrem meus dedos com mariscos
E me penteiam com cavalos-marinhos

De quando em quando
Me sinto tão leve
Que o sopro das estrelas
me transformam em água
E só assim deságuo em ti

segunda-feira, abril 25

ponto e vírgula

Passou, como quem flutua
diante da vida
Chorou, como quem diz
que o mundo é um abrigo

sábado, abril 23

XI

Aperta minha mão
E vem me ensinar
onde guardar
Esse furacão de sonhos

Segura meus cabelos
E prende teus anseios
sobre mim

Choraminga em meus ouvidos
Grita à minha boca
Teu querer

XVII

Minhas palavras
estão pingando pelos meus olhos
lágrimas
se transformando
em libélulas que viram
desespero
Ao encontro de uma folha
opaca
Tentando exprimir
as sensações e medos
pulsando em meus
multi-seres
embriagados de ópio

domingo, abril 10

Melancolia


Correndo de pés atados
até o horizonte e pulando a cerca
entre o infinito e os sonhos
Diante das luzes ofuscantes

Meus olhos transformaram
o real em algo indecifrável
Me fizeram crer no que não existe
E sentir o que me faz querer fugir

sexta-feira, abril 8

VIII

Ando sobre um manto de asas
arrancadas de um sonho
que se transformaram num
desejo infinito de esperanças


sábado, abril 2

IX

E mesmo quando nada parece dar certo
e a incerteza do amanhã disfarce nossas esperanças
sempre existirá uma força nos fazendo  acreditar
que os nossos sorrisos se encontrarão na próxima porta.

terça-feira, março 22

Versinhos

Sonhei que as Nuvens
se fantasiavam de Astros
Pelo simples desejo
de serem observadas
pela Madrugada

Eram máscaras
que elas costumavam usar
e o brilho que pegavam
emprestado do mar
Para ficarem parecidas com a Lua

De tão encantadoras que se tornaram
Talvez não fosse justo
enganar a todos.
Então pediram às Corujas
que cantassem a canção mais bonita

Para que toda a verdade fosse dita
Num dia de Lua cheia
Quando ela estaria
estupefata
e bela

Aos poucos as nuvens caíam como água
E toda verdade foi se mostrando
e a Lua que pensava
que nunca mais poderia emanar seu brilho

Explodiu de felicidade
e convidou o Sol para uma
grande festa
na órbita do infinito

Todos dançavam e brincavam
ao som dos Cometas
e no eclipse que acontecia
As Nuvens perceberam

Que de nada aquela farsa adiantaria
E se sentiram satisfeitas sendo Nuvens,
Pedaços de algodão-doce
que todo o mundo
dentro de si, queria.

sábado, março 12

Cultivo

Senti em meu corpo
florescerem ipês

E inundada de cores
desabrochei em teu ser

domingo, março 6

Através dos olhos de Dalí

Renasci da obscura fonte de vozes
que encontrei amontoadas
em taças de vinho,
sorrisos e olhos flamejantes.

domingo, fevereiro 27

Anatomia

Os dias vão passando lentamente
e toda forma de amor vai surgindo
e toda flor que brotou, resumindo
o que a gente sente

Em cada cor, cada brilho
cada dor, mais um filho
cada amor andarilho
um sabor, um martírio

Assim noite a noite
lua a lua
minha boca vai dizendo
que te quer toda nua

E assim dia a dia
sol a sol
te quero e te prendo
em meu lençol

Dedos bons, carne crua
ao som da chuva
minha boca vai dizendo
que te quer toda nua

terça-feira, fevereiro 22

Plantio

Farei dos teus olhos
pilastras de esperanças
Que fincarão raízes
em meu rosto

Me jogarei como
algodão
Que no sopro das nuvens
farão estrelas

Cadentes, ouvintes
decaindo no solo fértil
do céu da minha boca
Brilhando-sol no meu telhado

Serei eternamente colhida
Doce, leve e suave
Claramente consumida
pela tua fome

Atraída pela tua luz
Seduzida pelo teu cheiro
Encantada pelas tuas palavras
Amada pelas tuas mãos

Arderei paixões
Quente falta de sentimento
Queimando pele a pele
em total desarmonia com o mundo 

terça-feira, fevereiro 15

Girassol

Te prenderei em mim
Para quando tuas pétalas
caírem ao sopro do vento
Se façam adubo no meu jardim

E do teu amarelo
surgirão novos raios de Sol
Que brotarão dias
recheados de partidas

No tempo ficará
a sombra da noite
que se transformará
em campos floridos de ti

sábado, fevereiro 12

Cubismo

Nos cubos dos teus seios
tento montar
edifícios de prazeres
concretos

Enquanto as estrelas acariciam
minha alma
deságuo
na escuridão dos teus braços

Me perco entre os tantos olhos
impenetráveis do teu ser
que derrama esperanças
na orla do teu passado

E mesmo que propositalmente
desfoque a realidade
eu consigo entender perfeitamente
a confusão do teu brilho

Onde brotam-se estrelas disfarçadas
de vento
E morrem incertezas
misturadas ao tempo


terça-feira, fevereiro 8

Às sete

Eu vejo a tinta da caneta escorrendo
todas as minhas vontades
salvando minhas fantasias
na façanha de uma folha

E as cores vão soltando
notas e cheiros
que eu posso sentir voando como
pássaros na minha pele.

O arrepio que esvoaça meus cabelos
me faz olhar dentro de mim
através do já visto

Me perco no meu reflexo
vendo
o que eu nunca quis 
ser

segunda-feira, fevereiro 7

Seco

Teus olhos que choram despedidas
Navegam entre o naufrágio
de doçuras
que escorrem pelo meu pulso

Tua pele oca
enche-se de esperanças
e nos estalos da chama
arde qualquer desejo fácil de queimar

Do meu rosto brotam-se flores
que se espalham na palidez
do meu corpo
E que precisa ser regado com a tua saliva.

Durante o dia brotarei rosas
a noite serei pomar.

sábado, fevereiro 5

Em transe

Bastou fechar a porta
dos meus olhos
Abrir as janelas
da minha alma

Limpar meu jardim
e regar o interior do meu peito
pra colher
sentimentos puros

Dançar ao som do teu silêncio
E assoviar as cores
ao mesmo tempo que pinto
a tua imagem em meus prazeres

Por mim, bastaria
o cheiro do teu perfume
impregnado nos meus
seios

Bastaria aguçar meu corpo
pra sentir o teu toque
toda vez que me sentisse
nervosa

Eu já sinto teu veneno
escorrendo pelos meus dentes,
tuas mãos nos meus cabelos
E o teu braço confortando meu corpo

Já sinto a música que sai vibrante dos teus pulmões
tocarem meus ouvidos
e a tua língua dançando no céu
do meu ser

quinta-feira, fevereiro 3

Sinfonia

Tracei uma rota
na constelação do teu corpo
E pude encontrar na tua pele molhada
Um calafrio de prazeres

Os teus carinhos me arrancam
suspiros
Enquanto meus dedos arranham
uma nota qualquer no teu instrumento

Tua boca suga meus pensamentos
eu deliro.
Na inclinação do teu corpo
mais uma estrela eu viro.

Me tornei só mais um pontilhado
no teu céu negro
E mais uma lembrança
no muro da tua memória

quarta-feira, fevereiro 2

Que tal uma dose em chamas do seu vício preferido?

Te cobrir com
meus lábios frios e fazer
do teu existir
hóspede dentro de mim

Injetar a inquietação em nossos pulmões
sentindo pontadas de desejos
enquanto eu tento não tragar
teus lábios

No momento em que os nossos corpos
entram no ápice da perfeição.
Eu busco nas rotas dos teus olhos
uma novo canção.

terça-feira, fevereiro 1

in-constante instante

Sou metade de mim
procurando
o que me fará ser por inteiro

domingo, janeiro 23

cheiro de Copacabana

Entorpeci-me diante do mar
e confundi-me
com a areia

Me fiz estrela
segurei as ondas
rasguei as conchas
e fui maré.

segunda-feira, janeiro 10

a minha boca na tua, a tua boca na lua

É como a noite apagando
E a Terra acordando

É como as flores sorrindo
e os peixes voando

É como cheirar uma estrela
E sentir os seus olhos petrificados

É sentir a lua virando mel na tua língua
E nas veias correrem o teu passado

domingo, janeiro 9

bossa usada

Estamos dançando sob o céu nublado,
enquanto uma chuva de estrelas
perrcorre nossos corpos
nus

Eu vejo na tua pele o universo,
onde o sol e a lua
juntos
entoam uma canção que faz meus dedos dançarem

E tudo transborda no rio do infinito
que afoga os que sentem fome
de viver,
que apaga a saudade do peito

Basta abrir os braços e emanar o teu calor
em brilho
Fora do ócio da casa velha

Sentir os pássaros elevarem sua alma
para que você possa calar
o teu corpo

E aceitar o mundo
de olhos abertos e pés distantes
da lama de infortúnios

domingo, janeiro 2

notas desiguais

O véu que cobre meu rosto
tornou-se uma goteira de desejos ocultos
que brotam da fonte de águas insaciáveis
nascentes em teu corpo

Se eu adormecesse no teu ombro
minha mente me pregaria uma peça
e meus instintos desafloresseriam
em lírios

Me sinto inútil e tento buscar
no labirinto dos teus lábios
uma saída dentro de mim

Escondendo o óbvio das minhas mãos,
consumindo meus pensamentos.
Me agarrastes pelos pés
e me jogastes no abismo das incertezas

Tento buscar no teu caminho
um abrigo pro meu corpo frágil
sinto a chama queimar meus olhos
e me puxando até o mar de esperanças

Quero surfar no tempo
e girar com as ondas
até cair na margem do cinismo
Poder voar e me engasgar com pedaços de nuvens