barrinhas

sexta-feira, abril 5

Futuro do pretérito

Ah! se eu soubesse
Quantas cores tem o céu
Quantas canções sabem os pássaros...
Se eu soubesse medir doçura,
medir amor...
Gustav Klimt
Transformar dor em flor.
Inventar verbo... Me seria um pranto
Pranteava o mel.

Me luaria em universo imenso
Imensaria toda beleza de uma noite estrelada
Infinitaria todo sorriso de um soldado amargo

Se assim fosse
Te diria quantos pés já passaram
pelas pegadas que deixei
Quantos olhares cruzaram
o fio que amarrei do meu olhar ao teu
Quantas metáforas criei.

Eu seria todo José,
toda Maria.
Toda mania de uma filosofia qualquer
E voaria numa pétala de mal-me-quer.
Seria espelho e me enfeitaria
para imitar teus gestos.

E se assim fosse,
seria
Toda poesia de um verso só
Toda fantasia uma nota sol
Toda alegria emaranhada em nós.

E eu seria sempre pequenina
em teu colo apertado
Eterna menina
de jeito desengonçado.
Me guardaria em teu peito
a cada abril despedaçado.