barrinhas

quinta-feira, maio 15

Quando a Lua sopra

É o verso preso na garganta
e o tempo que insiste em bater
descompassando toda essa dança
e o peito louco a arder

meu jeito, meus passos, meus olhos
não seguem o que antes seguiam
são palavras cravadas nos ossos
e sem perceber novos sonhos surgiam

nasciam rasgando a pele
brotavam salvando a carne
saltavam pra onde eu não via
corriam com medo do alarde

pari um ser que gestava
um ciclo infinito de seres
um eu de outro eu que restava
se abraçando no tempo
se perdendo no espaço

de nós eu fiz laços
de fitas fiz traços
de mim fiz retalhos
pro manto do dia