barrinhas

quarta-feira, outubro 27

IV

Navego no meu próprio reflexo
E os meus dedos são como árvores
que semeiam sonhos
nas cinzas dos oceanos

imagino tudo de uma forma
distinta e demasiada

Os olhos fixados num ponto qualquer
e em uma respiração falha,
navego em minha mente
Como pássaros que rasgam os céus

De olhos fechados
Percebi que a vida
nada mais é que uma grande ilusão
criada e alimentada pelo nosso próprio imaginário.

domingo, outubro 24

andróide sem par

Se a vida fosse fácil de ser vivida, nenhuma graça teria em viver. Se tudo fosse simples e com apenas um gesto um concertasse por todos, nada seria justo. Se as coisas fossem sempre como quiséssemos, nada seria aprendido. Se o amor fosse uma coisa boa, nada levaríamos dele.
Eu gosto de ficar aqui parada te observando, mas eu gostaria mais ainda de te apertar num só abraço e te possuir completamente. Eu gosto de ver dentro dos teus olhos algo que só eu enxergo, e que me enche de paz.

segunda-feira, outubro 18

será que já é tarde pra se arrepender?

- As coisas vão mudando e a gente também.
Quando sinto o teu perfume me naufrago na saudade dos teus beijos.
Eu quero congelar o tempo todas as vezes que estamos frente a frente. Não precisaria de mais nenhuma palavra. Não precisaria de mais ninguém. Só os seus olhos ligados aos meus já bastaria.
Eu estou disposta a fazer tudo por você. Tudo mesmo.

Eu lembro quando o amor não passava de um conto de fadas pra mim. Lembro que eu nunca consegui acreditar que ele realmente existisse.
As lembranças sempre nos pegam desprevenidos.
Eu lembro daquela sua lágrima escorrendo em meu ombro e você pedindo que eu não levasse aquela decisão a diante.
Eu lembro do teu sorriso ao meu ver andando. E a tua forma de pegar na minha mão.
Eu consigo lembrar dos nossos momentos mais bonitos. São as lembranças que mais me confortam.
Lembro quando tudo era só uma brincadeira.
Brincar de ser feliz.
Quem se importa se no final temos que limpar os nossos machucados com álcool e fazer curativos? A brincadeira foi boa. Mas sempre tem aquele que se machuca mais.
Eu realmente não sei como as coisas foram acontecer. E é por isso que eu amo essa coisa chamada destino... ele nos reserva as mais belas surpresas e as mais belas cores da vida.
Poderíamos ter sido felizes. Não que não tenhamos sido. Mas... bem, você me entende.
Eu realmente acreditei que as coisas tomassem um rumo certo. Mas de tanto acreditar e nada acontecer, eu resolvi deixar pra lá. E quando eu parei de acreditar, você resolveu mudar.
As pessoas erram e isso é normal. Espero que tenha aprendido.
Te amei da forma mais sincera que me coube amar...
Abra seus olhos. O dia vai acabar mais tarde.
As coisas vão mudando e a gente também.
Tudo virou uma lembrança para um futuro bom.

quarta-feira, outubro 13

tudo azul, completamente blue

Ontem eu resolvi que ia sentir tudo de um jeito diferente.
Ou melhor. Eu resolvi que ia sentir quase tudo ao meu redor.
Comecei a perceber detalhes pequenos e refletir sobre eles.
É engraçado, porque você descobre um monte de coisas que fazem total sentido, mas você nunca parou para percebê-las.
Por exemplo: você já parou para sentir o algodão-doce derreter na sua língua até que sua textura fique imperceptível e só reste o gosto do açúcar? É a sensação mais gostosa que existe.
Já parou pra observar o caminho pelo qual você anda? E como as pessoas têm facilidade de ignorar certos atos e se importar com alguns tão tolos?
Observar um pássaro comendo migalhas do chão?
E aquele senhor que senta todos os dias naquele banco para ler o seu jornal?
Tem também aquela menina que passa todos os dias de cabeça baixa perto de você, e quando você parou para observá-la, ela pela primeira vez, apressou os passos com você vergonha de você.
Já parou pra ler o real significado daquela frase que está escrita no muro da esquina e como ela se encaixa na sua vida?
Já percebeu como as folhas parecem cantar com o soprar do vento? E parou pra sentir os raios de sol impregnando na tua pele, e o barulho do silêncio da noite?
Você já percebeu como cada parte do seu corpo, às vezes, age por si só?
Eu parei pra perceber gestos simples dos humanos e da natureza.
Me encantei e me decepcionei. Fiquei cinza.

terça-feira, outubro 12

nothing can be nothing

Eu conseguia ficar horas fitando o Nada, perdida em pensamentos.
Na verdade, o Nada nunca é um nada.
Há sempre um inseto pousando, uma luz piscando ou o vento soprando.
De certo, existe algo que nós só resolvemos chamar de nada porque fingimos não ver.
Mas o nada é como o amor, que inventamos quando nos é propício.
Assim como somos capazes de inventar qualquer sentimento.
O cômodo nos deixa volúvel.
O fato de ter sempre algo para nos apoiarmos nos deixa errar e pisar em pregos.
Haverá um ponto de fuga.
Mas esse fato não me convém.
Parece ser simples e fácil.
Ser.
Todos nós somos.
O verbo ser é a grande chave.
Eu sou o verbo. Um verbo qualquer que se encaixe nos momentos adequados e até mesmo nos inadequados.
Cansei de adjetivos - rótulos.
Não quero mais isso.
"Sou um verbalóide."

domingo, outubro 10

na virada da montanha

Eu fitava o mar na espera de algum acontecimento.
Esperar...
Minha vida sempre foi à espera de algo ou alguém. Uma verdadeira estação de trem onde eu sempre aguardei o desconhecido.
E foi por sempre esperar, que a minha vida se transformou num barco de decepções.
O inevitável e o inusitado numa inexorável espera.
Meus pés tinham sede de fuga. As onde batiam em mim como quem pede pra que eu acorde.
Afaguei os joelhos entre meus braços e antes que me desse conta, pingos de água salgada saíam de meus olhos.
Foi nesse instante que eu percebi que nós somos seres solúveis.
A minha água salgada estava se difundindo e se confundindo com a água do mar.
Eu podia sentir.
Podia ouvir meu coração dizendo que nada era tão importante quanto a sede de a-mar.
Eu sentia.
O mar estava tomando conta de mim. E eu me sentia totalmente liberta, desimpedida para ir em busca dos meus sonhos.
O mar havia me dado aquilo que ninguém, nunca soube dar.
Os sentimentos fúnebres já não pertenciam mais a mim.
A partir daquele dia, o sangue que corria em minhas veias era muito mais vermelho e salgado.
A vida busca dentro de nós um lugar para viver.
Eu escolhi ser vida e encontrei no mar uma força maior que o inimaginável - e vivi.

sábado, outubro 9

Esse vício de eternidade que a gente tem...

O grande problema de amar é que você entrega seu coração a alguém que você não conhece.
Alguém que não sente o mesmo por você. Mas você entrega mesmo assim. Porque quem ama acredita, e quem acredita se entrega sem medo.
E quando a gente se entrega nada mais importa. Nada precisa importar. 
Você começa a perceber que aquela pessoa está brincando com aquilo que você mais teve cuidado na sua vida.
Mas não liga. Você não precisa ligar. Você acredita que tudo isso vai mudar e que um dia vai passar.
Passam-se meses e nada muda. Mas você continua acreditando.
Até que chega um outro alguem que realmente se importa com você e abre seus olhos.
Daí você percebe que foi uma tola por ter feito tudo aquilo. Promessas, sorrisos, lágrimas, planos... tudo vai por água abaixo. Por alguns instantes você se pergunto o porque de ter sido tão estúpida...
Mas aí vem aquele alguém-que-realmente-se-importa e te abraça forte. E diz tudo aquilo que você disse pr'aquele alguém-que-não-se-importa e você começa a dar valor ao amor, ou ao que batizamos de amor por não saber o que é aquele sentimento tão grande.
E você começa a ver que a vida tem outro sentido. E o amor tem suas variações. Você só precisa ter equilíbrio.
"Pois pra quem tem pensamento forte, o impossível é só questão de opinião" 

quinta-feira, outubro 7

Seis de outubro

É como se houvesse um nó na minha cabeça.
São muitas informações, incontentações, argumentos, uma grande bobagem. Parece que uma hora tudo vai explodir por não caber mais dentro de mim.
O meu problema sempre foi sentir de mais.
Tudo o que eu faço, mesmo que seja um simples gesto, envolve muita intensidade.
E é por isso que eu f*. Me entrego e me f*.
Passo noites revirando de um lado ao outro da cama, buscando alguma forma de tirar essas extravagância de dentro de mim. Mas parece que quanto mais eu tento, mais me fogem as possibilidades.
A solução mais sensata é drastica. A morte. E o seu nome soando como veludo: "morte".
Impossível causar isso. Já estou morrendo aos poucos.
Eu gosto da vida. Gosto de toda essa bagagem que carregamos com ela. Lembranças, obstáculos, dificuldades, tristezas, alegrias, frustrações, encantos e desencantos... Mesmo com toda essa merda de globalização 2.0 eu ainda consigo ir atrás de uma luzinha no fim do túnel.
Eu vou encontrar meu caminho.
Vou encontrar o pavio para explodir o que me corrói por dentro.
Mas enquanto isso, tudo vai transbordar através dos meus olhos.
O mundo me assusta e me entristece.

quarta-feira, outubro 6

eu nem sei se devo confessar

Não é que eu sinta sua falta. Do que eu realmente tenho saudades é daquilo que eu sentia quando estava com você.
Era bonita a forma como a gente via as coisas.
A sua mão ali, pra eu apertar forte toda vez que sentia medo de algum estranho na rua. Pra eu colocá-la sobre o meu peito e dizer: "Ver como ele acelera quando estou com você?"
Desenhar nas nuvens e ficar horas conversando coisas que podiam não ter o menor sentido para os outros, mas para nós era real.
Voltar ao passado e relembrar dos nossos primeiros momentos, de cada risada e cada gota salgada que derramamos da nossa janela que fotografa o mundo.
Ouvir você contar da sua vida em forma de canções. Observar cada gesto que você fazia e fazer com que aquele se tornasse o meu preferido, pra depois eu ter o prazer de dificultar as coisas pra mim e tentar encontrar o seu sorriso mais bonito.
Me encantar com a tua voz suave ao me dizer frases de um jeito que só você sabia.
Observar você passando seus olhos flutuantes sobre mim com toda sede de pecado que ardia em ti.
Me perder toda vez que te encontrava.
Chorar no seu ombro todas as vezes que precisava. Deitar no teu colo só pra ouvir você dizendo que me amava.
Eu não sinto sua falta. Do que eu realmente tenho saudades é do amor que cultivamos, e com nossas próprias mãos cavamos seu túmulo.
Agora agradeço a você, por todos os momentos; porque as lembranças ninguém pode arrancar de mim.
Tudo o que restou dos seus beijos foi um gosto amargo.
As coisas nunca ficaram tão claras quanto agora e o meu caminho nunca esteve tão imprevisível.
Meu café está esfriando e a caneta acabando.
Cuidado pra não cavar também, o seu abismo.
Pra tudo na vida existe uma resposta, basta procurarmos por elas.

terça-feira, outubro 5

cherry II

Talvez tudo o que eu precise fazer é mostrar que eu te amo e falar olhando profundamente nos teus olhos que é contigo que eu quero ficar.
Quem dera eu ter coragem e força, caso o jogo vire e tudo se transforme no que eu mais tenho medo.
Eu vou soprar aos teus ouvidos qualquer coisa pra te fazer delirar; vou te levar aonde só os nossos passos conseguem chegar.
O seu abraço vai me prender e novamente seremos aquilo que já fomos um dia.
É estranha a falta que eu sinto de ti. É imensa a necessidade que eu tenho do teu abraço.
Eu só queria fugir pra qualquer lugar que exista você ao meu lado.

sexta-feira, outubro 1

espero outubro ir embora

As coisas mal começam e eu insisto em chegar logo ao final.
Eu meio que cansei de estar sempre buscando o sentido das coisas; é só eu me envolver e me entregar que tudo perde o "fio da meada".
Nossos sentimentos tão bonitos... as conversas bobas e as brigas inúteis. Isso nunca precisou ter um sentido. As coisas simplesmente aconteciam e tudo tinha seu próprio encanto.
... mas foi um ato tolo, detalhes importantes e tudo, num sopro de loucura se transformou em pó, e foi voando no infinito e transformando o céu num grande mar de lembranças.
A lua é meu espelho e eu navego no meu reflexo buscando a minha essência.
Nós aprendemos a querer e amar loucamente... é ruim esse meio termo, não é mesmo?
É incrível o nosso medo de perder sem possuir.
Admirável esses seus olhos que, imperceptíveis, correm sobre mim.
A vida é assim... um grande carrossel. As coisas giram devagar e quando percebemos já chegou nossa hora.
A gente nunca sabe quando temos que partir. Viver os momentos é a única saída "em busca do antídoto anti-monotonia" em um mundo no qual só o que importa é o umbigo de cada um.
"Vamos fugir? Tô cansado de esperar que você me carregue..."