barrinhas

segunda-feira, julho 26

Você finge não ver e isso dá câncer

Sensação de que tudo está voltando a ser como era antes.
A mesma monotonia de sempre, os passos cansados percorrendo caminhos que já afundaram de tanto serem seguidos.
Comecei a me preocupar com o livre-arbítrio; as pessoas quando descobrem que teem esse poder, fazem coisas inumanas.
Bateu uma saudade, uma vontade louca de deitar na minha cama e dizer: "Lar doce lar"... Bateu uma nostalgia de todos os momentos, uma lembrança de tudo o que já foi e um medo de ter que deixar tudo pra trás… de novo.
Sinto falta de beber canções como bebia antigamente. De caminhar como já caminhei.
Meu jeito tímido esconde a grande sonhadora que sou. Meus olhos cansados escondem a verdadeira sede de loucuras que tenho. Meu sorriso poderia ser mais frequente e alegre, mas acredite, eu faço o que posso para que ele seja.
Eu mascaro sentimentos através de palavras e disfarço minhas vontades através dos textos. Isso não acontece com tanta frequencia... mas acontece.
Acho que cansei de tudo isso. Acho que cansei da realidade... quero mais um pouco de magia. 
Quero meu brilho de volta.

sábado, julho 17

ana

vontade de vomitar tudo
o que eu já tentei
falar e não consegui.

vontade de vomitar no teu ouvido
todas as palavras sujas
que eu decorei para te magoar.

todos os choros compulsivos
que foram reprimidos.
vomitar tudo até que
não reste mais nada.

vomitar junto com isso minha esperança
que de ser tão grande acabou se comprimindo
por não ter mais
espaço para ficar.

vomitar toda essa vontade
da vontade de continuar.

Um brinde ao recomeço.

Eu sempre acreditei que cada um tem o que merece ter.
Mesmo que pra qualquer um parecesse o fim, eu sempre acreditei que seria apenas um novo começo.
Aos 9 eu deixei de acreditar em príncipes encantados, aos 11 eu parei de acreditar no amor e aos 12 eu não acreditava mais na vida.
Embora nada faça sentido hoje, eu acredito no amor e acredito em coisas que talvez sejam muito mais absurdas que príncipes encantados.
Não importa com quantos paus se faz uma canoa, o importante é que ela seja feita e que consigamos sair dessa ilha.
Não importa o que eu posso fazer por você, acredite apenas que estarei aqui para fazer o que você precisar.
Hoje eu peço um brinde ao amor e aos príncipes, que nos fizeram acreditar na magia; à tudo aquilo que um dia eu deixei de acreditar, à tudo o que eu não me permito mais lutar.
Um brinde aos que já choraram sobre o leite derramado; aos que mudaram por vontade própria.
À todos que não se importam com ninguém; à inveja, à cobiça.
E principalmente um brinde à todos que contribuem para toda essa farça que vivemos e acreditamos: a vida.
Um brinde às máscaras, que escondem o que as pessoas realmente são.
Mas acima de tudo, um brinde aos olhos da alma que nos fazem perceber e enxergar aquilo que não podemos ver com os olhos do corpo.
Um brinde ao meio e ao fim.

quarta-feira, julho 14

(des)vantagens

Perceber o erro às vezes parece tão complicado quanto não pensar em nada observando o mar.
Eu não sei se algum dia eu vou conseguir entender o que passa pela tua mente, mas querida, não se sinta assim. Existem coisas que não precisariam existir se não fosse nossa persistência de tentar concertar o passado. Convenhamos que certa coisa é tão inútil quanto relembrar o seu primeiro bocejo.
Talvez eu não precisa entender o que pensas ou que fazes. Sei que eu só preciso te amar, pois és o amor mais fiel que tenho.
Eu sei que as coisas mudam, as coisas passam... mas como li certa vez o que escreveres:
"Há dias em que tudo 
que podemos fazer é esperar
...
Enquanto o moinho do tempo
range em nossas gargantas
incertezas
vestidas de sóis
laminados de luas cansadas"
E percebi que também há dias em que o que podemos fazer é tentar mudar. Não me refiro a você. Não me entenda mal.
Há dias em que precisaremos mais de nós do que podemos imaginar. Mais de sóis do que nosso corpo pode supurtar. Mais de luas do que nossos olhos podem enxergar.
Precisaremos tentar encontrar nas esquinas da vida novos amores e nos apaixonarmos mais e mais a cada despedida.
Mas acredito que o que precisamos mesmo é de paz. 
E também haverão dias que bastará o canto do pássaro para nos encantar... O barulho do vento soprando aos nossos ouvidos para nos fazer dançar. Apenas o vôo de uma ave, para nos fazer seguir.
E há de existir o dia em que apenas pelo fato de existirmos, nos sentiremos bem. E apenas com um olhar nós sobreviveremos.

sábado, julho 10

open your mind

Era um dia especial. Estavam todos sentados a mesa, até os mais sábios, os mais nobres e mais importantes estavam lá naquele dia.
A mesa era tão grande, que em uma ponta estava sentada a Rainha e na outra, onde ela mal podia enxerga-lo, o Rei.
Era uma ocasião diferente, porque o dia também era um dia diferente e digamos que o Rei e a Rainha não eram pessoas tão normais assim.
A sala de jantar era imensa. Nas paredes haviam pinturas que se reparassemos direito, perceberiamos que não passavam de simples pinturas; cada desenho tinha seu detalhe quase imperceptível e se partíssemos do ponto certo saberíamos a história de vida da Rainha e do Rei.
No teto haviam três lustres, para que podesse iluminar bem uma sala tão grande. Diziam que aqueles lustres eram os mais belos e mais velhos lustres da história da cidade.
O chão da sala imitava um jardim; havia grama ali. Só que era a mais linda, verde e limpa grama que existia.
Os pés da mesa eram cobertos de trepadeiras que seguiam só até a metade, o resto era livre. Podíamos ver perfeitamente através dos vidros daquela mesa. Em cima dela não havia comida, eram mais de dez lindos vazos de flores (também de vidro) que brotavam ali mesmo, embaixo da mesa. Só que aquilo era um probleminha no outono, já que as flores secavam e suas folhas caíam. De modo que não podia haver comemorações na ilustre sala em época de outono se não quísessemos comer uma deliciosa comida acompanhada de pétalas de flores ou folhas secas.
O som ecoava perfeitamente, de modo que o Rei podia escutar sua Rainha falando da outra ponta sem nenhum desentendimento. Podia-se ouvir até o zumbido das abelhas e o canto dos passarinhos que ficavam na janela, observando as pessoas e esperando elas irem embora para poderem fazer sua própria festa.
Todos ali eram muito educados, ninguém falava além do necessário, não havia briga, e ninguém, nunca na história, havia saído d'Alí triste.
Era um lindo jantar e mais uma vez estavam todos lá.
A ocasião? O lugar? As pessoas?
Alí, onde todos eram diferentes e tratados de forma diferente, sem desrespeito, eram apenas aceitos. Aqui, no mundo onde eu criei tudo isso é possível. O Rei e a Rainha somos nós; os sábios, os nobres e os importantes são aqueles que amamos e que estão no nosso mundo. Onde a vida é motivo pra comemoração e no outono precisamos de um tempo para nós.
Celebremos a vida, sempre! Porque na vida nada é impossível e a felicidade chega cada vez mais perto.
Bem Aí, dentro de você; só é preciso acreditar

sexta-feira, julho 9

o que as lembranças podem fazer (ou não)

Eu gosto do sentimento Saudade.
Por incrível que pareça. É que ele já me acompanhou por tanto tempo, que se tornou aquele tipo de amigo inseperável e parece que vai ser eterno e infinito.
Não estou reclamando, nem fazendo pouco dele, muito menos sendo irônica. Eu queria estar sendo, mas é essa a sensação que eu tenho.
Desde sempre, eu o tive por perto. Já chorei, sorri, cantei e dancei por sua causa.
Um sentimento que todos dizem que machuca, que maritiriza, eu não o vejo mais assim.
É um companheiro. Eu gosto da sua presença.
Eu sinto saudades dos amigos de infância, daqueles poucos que fiz na minha vida de nômade, dos poetas e músicos que se foram, de coisas que eu não conheço. Sinto saudade do ontem, do ano passado, de duas semanas atrás.
Mas isso não faz com que eu queira reviver todas as coisas que se foram. Não é a saudade que vai me levar ao passado. Porque assim como eu passei por momentos muito bons, que faço questão de lembrar todos os dias quando levanto; existem os momentos ruins. E creio que assim como eu reviveria o bom, mesmo sem querer, eu reviveria o ruim. E eu não quero isso.
O que foi bom eu guardo nas minhas lembranças com todo o prazer. O que foi ruim eu guardo para as minhas atitudes.
"Não errar duas vezes." Eu já cansei de ouvir e repetir isso. Eu tenho receio em errar. Quem não tem, que atire seu coração.
"É errando que se aprende." "Depois da primeira queda lembre-se de levantar." "O maior perdedo é aquele que não tenta de novo." Essas sim são frases que eu já cansei de ouvir.
Ainda não me rendo. A vida está muito boa, e nada vai me fazer desistir agora.
Eu já me emocionei com a perda, já chorei com o que se foi; hoje eu me emociono com o que está aqui: a beleza de uma folha ao cair no chão, os movimentos de um pássaro, o correr das nuvens, o pôr-do-Sol, e outras coisas que são dignas de nos emocionarmos.
Eu gosto de viver. Dificuldades veem acompanhadas por aprendizagens. Gosto disso tudo.

domingo, julho 4

rotina

Mais uma vez eu coloquei os fones de ouvido e fiquei escutando a minha música preferida que me faz lembrar você.
Escrevi alguns versos sobre nós e relembrei de tudo o que já havíamos feito.
Senti como se estivesse pertinho de mim... as lembranças já não são tão distantes quanto antes.
Era como se você estivesse aqui, e eu consegui ouvir as palavras que me dizia e sentir os beijos que me dava. Era capaz de ouvir o som da sua voz, e até sua respiração. E conseguia sorrir das nossas bobagens.
Era tudo tão real, tudo tão bom.
Até eu perceber que não passavam de lembranças.
Repuz tudo dentro da nossa caixinha, que eu levarei sempre comigo, e quando eu sentir saudades vou abri-la com seu devido cuidado.
Eu só espero que da próxima vez a saudade seja menos cruel.
Não quero chorar quando perceber que não estaras mais aqui, nem me lamentar por não ter dito tudo o que eu queria dizer...
a porta de saída
é vermelha como sangue
e eu me naufrago na fuga
contra o medo

parece verdade

Sou egoísta de mais para dividir
passional de mais para aceitar o fim
humana de menos para desistir
fria de mais para sorrir

Mas quando chegas com esse olhar
e me beija
é como se o mais fosse menos
e o menos fosse mais

Me divido
Te completo
Interpreto sutilmente um cego
Para poder ver aquilo que não se pode enxergar

Me solidifico
Te transformo em líquido
E nos tornamos um só
Dentro de nós

sábado, julho 3

sonho de vidro

Fiz dos cogumelos minha cama
Deitei ao lado das abelhas
fiz da Lua meu ponto de equilíbrio

Juntei os versos das canções desconhecidas
E em tom de si sustenido
Compus acordes para te cantar

Fiz dos pecados minha fonte de sobrevivência
Consumi-me de tanto amar-te
Sufoquei-me de tanto respirar-te

Me encantei com tua voz
Me perdi em teu sorriso
E me encontrei em teu corpo

quinta-feira, julho 1

o mérito e o monstro

- Boa noite,  sonha comigo.
- Desculpe, mas eu reservo você pra realidade. Os sonhos são distantes e eu quero sentir o teu corpo junto ao meu.
Os sonhos terminam muitas vezes sem um fim, e na realidade, mesmo que não seja bom, o fim existe.
- Tens razão. Mas quando o sonho termina fica o desejo. Se me desejares ao menos, me sinto feliz.
- Te desejo de corpo e alma. Te sinto como se você existisse em mim. O começo de tudo está no desejo. Te desejei antes de te querer. E já te quero mesmo sem saber se te terei.
- Terás nem que seja em teus sonhos. Neles serei capaz de fazer tudo aquilo que desejas e sem comprometimentos.
- Sem comprometimentos, realidade e fim?
- Porque não?
- Prefiro não ter. Boa noite, sonhe comigo. Talvez em seus sonhos as coisas parecerão mais interessantes. Pra mim só é válido o palpável.