barrinhas

sexta-feira, novembro 26

nada do que sei

Hoje quando eu te abracei eu senti uma imensa vontade de chorar. Uma daquelas vontades que se você realiza-las sentirá a alma mais leve, o coração mais solto e o corpo mais brando.
Sabe como é difícil pra mim aceitar o fato de que eu não possa mais poder ver um futuro? Um futuro que eu tanto planejei, que eu tanto esperei...
É que esse tempo todo eu menti pra mim mesma. Assim como eu venho mentindo a minha vida inteira.
Mentir e viver são dois fatores que não sobrevivem um sem o outro.
Eu menti quando escondia os doces na gaveta e menti quando escondi de mim mesma os doces e prazeres que a vida me trouxe.
Eu criei uma grande mentira que agora a vejo em uma proporção indomável... me vejo afogada e sufocada numa coisa que eu mesma criei.
E quer saber o porque das coisas não serem o que parecem ser? Se nós víssemos de fato, as coisas como elas são, nós não aceitaríamos nem ao menos sair do ventre da nossa mãe.
Será mesmo que algum dia a vida chegará a outro estágio?
Além de mentir, além de fingirmos sermos cegos e surdos... até quando vamos aguentar isso?
Isso de criarmos coisas que nos confortem, que não são mas que nós fazemos com que elas sejam, isso de cair no conformismo, e de na nossa insistencia de querer ter sempre o melhor, ter sempre aquilo que não é nosso: querermos as flores que não são nossas e alcançar as estrelas que não são nossas... sem saber o que nos aguarda quando o fizermos.
Eu tenho medo.
Medo do escuro, medo de uma porta aberta, medo de uma linha torta, medo de um céu nublado, medo de uma cama fria, medo da vida, medo do outro, medo da morte, medo da solidão... medo de viver, medo do medo, medo da loucura.
São medos, insatisfações, insistências, mentiras...
Eu não quero mais nada.
No claro, no escuro, no frio... qualquer coisa em qualquer lugar, acompanhada de um bom e velho café, pra mim está tudo indo.
Já que nada, nunca será do jeito que eu quero que seja. Então vamos levar a vida assim, empurrando com a barriga para um longo e fundo abismo, de cima de uma grande e gelada colina. Vamos chegar lá em cima, ver o quanto aquele ponto de vista é agradável e logo em seguida, cair com todo aquele peso num poço fundo.
Ou será que as coisas não são tão ruins assim?

3 comentários:

  1. Sabe, nada costuma ser fácil. Cair no conformismo é perder a graça de viver, perder a razão de seguir um passo atrás do outro e o medo só fará com quem você pare. "O que eu faria se não tivesse medo?"
    Enfrentar, errar, continuar, recomeçar. Assim que você cresce, assim que você não morre.
    Ótimo texto.

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  2. Obrigada. Pelo elogio e pelas palavras.
    "O que eu faria se não tivesse medo?"
    Não tenho a menor idéia. É como se me perguntassem: o que você faria se não tivesse um ouvido? Eu nasci com isso, e acredito que todos nasceram. Não dá pra saber "como seria".

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  3. - ain amiga , eu amei seu texto *-*

    by : Naiara

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