barrinhas

quarta-feira, outubro 6

eu nem sei se devo confessar

Não é que eu sinta sua falta. Do que eu realmente tenho saudades é daquilo que eu sentia quando estava com você.
Era bonita a forma como a gente via as coisas.
A sua mão ali, pra eu apertar forte toda vez que sentia medo de algum estranho na rua. Pra eu colocá-la sobre o meu peito e dizer: "Ver como ele acelera quando estou com você?"
Desenhar nas nuvens e ficar horas conversando coisas que podiam não ter o menor sentido para os outros, mas para nós era real.
Voltar ao passado e relembrar dos nossos primeiros momentos, de cada risada e cada gota salgada que derramamos da nossa janela que fotografa o mundo.
Ouvir você contar da sua vida em forma de canções. Observar cada gesto que você fazia e fazer com que aquele se tornasse o meu preferido, pra depois eu ter o prazer de dificultar as coisas pra mim e tentar encontrar o seu sorriso mais bonito.
Me encantar com a tua voz suave ao me dizer frases de um jeito que só você sabia.
Observar você passando seus olhos flutuantes sobre mim com toda sede de pecado que ardia em ti.
Me perder toda vez que te encontrava.
Chorar no seu ombro todas as vezes que precisava. Deitar no teu colo só pra ouvir você dizendo que me amava.
Eu não sinto sua falta. Do que eu realmente tenho saudades é do amor que cultivamos, e com nossas próprias mãos cavamos seu túmulo.
Agora agradeço a você, por todos os momentos; porque as lembranças ninguém pode arrancar de mim.
Tudo o que restou dos seus beijos foi um gosto amargo.
As coisas nunca ficaram tão claras quanto agora e o meu caminho nunca esteve tão imprevisível.
Meu café está esfriando e a caneta acabando.
Cuidado pra não cavar também, o seu abismo.
Pra tudo na vida existe uma resposta, basta procurarmos por elas.

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