barrinhas

domingo, outubro 10

na virada da montanha

Eu fitava o mar na espera de algum acontecimento.
Esperar...
Minha vida sempre foi à espera de algo ou alguém. Uma verdadeira estação de trem onde eu sempre aguardei o desconhecido.
E foi por sempre esperar, que a minha vida se transformou num barco de decepções.
O inevitável e o inusitado numa inexorável espera.
Meus pés tinham sede de fuga. As onde batiam em mim como quem pede pra que eu acorde.
Afaguei os joelhos entre meus braços e antes que me desse conta, pingos de água salgada saíam de meus olhos.
Foi nesse instante que eu percebi que nós somos seres solúveis.
A minha água salgada estava se difundindo e se confundindo com a água do mar.
Eu podia sentir.
Podia ouvir meu coração dizendo que nada era tão importante quanto a sede de a-mar.
Eu sentia.
O mar estava tomando conta de mim. E eu me sentia totalmente liberta, desimpedida para ir em busca dos meus sonhos.
O mar havia me dado aquilo que ninguém, nunca soube dar.
Os sentimentos fúnebres já não pertenciam mais a mim.
A partir daquele dia, o sangue que corria em minhas veias era muito mais vermelho e salgado.
A vida busca dentro de nós um lugar para viver.
Eu escolhi ser vida e encontrei no mar uma força maior que o inimaginável - e vivi.

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